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da resistência à compressão; quando se trata da resistência à tração na flexão tem-se observado
que a Lei de Abrams, quando considerada isoladamente, é insuficiente para explicar as parcelas
mais expressivas dessa resistência
(Bucher e Rodrigues, 1983)
, devendo-se lançar mão de outros
fatores, principalmente da aderência pasta-agregado, que é fruto não só da resistência da pasta,
mas também da textura e forma do agregado graúdo.
Os agregados afetam notadamente a resistência na flexão, devido principalmente à natureza mine-
ralógica, forma geométrica e textura das partículas. Ensaios comparativos com seixo rolado, que
possui superfície lisa, e calcário britado indicaram que neste a resistência à tração na flexão pode
ser até 25% maior para a mesma relação a/c
(Kaplan, 1963)
. O mesmo estudo indica que, quanto
maior for o volume do agregado graúdo com relação ao total, menor será o módulo de ruptura,
devido ao aumento da dimensão média do agregado total.
Quanto à forma, agregados com partículas que se afastam da forma esférica conferem ao concreto
maior módulo de ruptura, pelo simples fato de apresentarem maior área de contato com a arga-
massa e um melhor engaste. Esse afastamento deve ocorrer dentro de certos limites, sendo que a
forma ideal é a cúbica. Concretos com agregados disciformes (forma de disco) ou aciculares (forma
de agulha) apresentam baixa resistência à flexão, além de facilitarem a formação de bolsões, por
dificultarem a saída da água exsudada, diminuindo a aderência matriz-agregado
(Bucher
e Rodri-
gues,
1983).
No dimensionamento de pisos com armadura simples, emprega-se resistência à flexão, que é o
parâmetro mais representativo das solicitações a que este será submetido. A sua determinação é
feita em corpos de prova prismáticos com secção quadrada e comprimento ligeiramente maior que
três vezes a altura, sendo geralmente empregados nas dimensões 150 mm x 150 mm x 500 mm.
Quando comparado com o corpo de prova cilíndrico, empregado na determinação da resistência à
compressão nota-se que a sua utilização em obra é um tanto dificultada, pelo custo das fôrmas, do
ensaio e pelas dificuldades de manuseio do corpo de prova.
A correlação estatística entre a resistência à compressão e o módulo de ruptura é possível teorica-
mente, tendo sido perseguida por diversos pesquisadores, no intuito de facilitar o controle de obras
onde o requisito é o módulo de ruptura. A prática tem demonstrado que o emprego dessas corre-
lações deve ser tomado como referência para efeitos de dosagem.
Como exemplo de correlações entre as resistências, que podem perfeitamente ser empregadas
para os estudos de dosagem, pode-se citar duas, que apresentam resultados bastante similares:
Bucher & Rodrigues,
1983:
ƒ
ct,M
= 0,56 x (
f
c
)
0,6
( MPa
)
Packard,
1976:
ƒ
ct,M
= 0,76 x (
f
c
)
0,5
( MPa
)
No emprego de correlações, é necessário conhecer o tipo dos agregados empregados, pois con-
cretos produzidos, por exemplo, com seixo rolado apresentam fortes distorções, para menos, nas
correlações entre as resistentes. A primeira equação
(Bucher& Rodrigues,
1983)
foi obtida com
agregados graúdos britados (granito) e areia de quartzo.
Resistência ao Desgaste
A resistência ao desgaste é um dos principais parâmetros a serem considerados no dimensiona-