Adoção de processos industrializados melhora resultado em obra

Construtora se rende às vantagens da tela soldada e muda sistema de armação durante a construção


A empresa Arco Engenharia está vivenciando uma nova experiência durante a construção do Edifício Jacopo Bellini, situado no bairro Santo Agostinho, em Belo Horizonte.

Acontece que a empresa, sempre aberta a incorporar inovações, aceitou o desafio de realizar mudanças durante a execução desse empreendimento, visando aproximá-lo do conceito de obra industrializada.

O Edifício, de alto luxo, foi projetado com 20 pavimentos, sendo dois apartamentos de quatro dormitórios por andar, num total de 28 apartamentos e duas coberturas. A área construída compreende cerca de 1.500 m², em um terreno de 8.576 m². O projeto estrutural é de responsabilidade do escritório Antonio Capuruçu Consultoria e Projetos de Engenharia.

As fundações foram executadas no sistema de estacas escavadas hélice contínua. Já a estrutura do Edifício prevê pilares e vigas em concreto armado, com especificação de fck 30 MPa, tendo o fechamento das paredes em alvenaria com blocos cerâmicos.

Pelo projeto original, as lajes seriam executadas em concreto armado (fck 30 MPa) de forma convencional. Isso realmente ocorreu até o quinto pavimento. No transcorrer da obra, foi oferecida a Arco Engenharia a proposta de substituição da armação com vergalhão pelas telas soldadas, com a intenção de se obter redução de mão-de-obra e aumento da produtividade, diminuição dos estoques e limpeza dos canteiros, através de uma logística de entrega bem equilibrada com os prazos de utilização final do insumo.

“ Consultamos nosso calculista e verificou-se a viabilidade da conversão do projeto para telas soldadas, produto que, sem dúvida, traz uma qualidade final da armação bastante superior. A partir daí resolvemos concretizar o desafio e estamos monitorando o processo através de indicadores pré-definidos, avaliados sistematicamente. O objetivo é, ao final da construção, obtermos índices de mão-deobra abaixo dos praticados anteriormente”, explica Marco Aurélio Garzon Moreira César, engenheiro de obras da Arco Engenharia.
Para dar conta das características do empreendimento (em virtude das cargas que a estrutura recebe) e da conversão feita no projeto para uso de telas soldadas nas lajes, os construtores se definiram por um sistema de armadura mista para combater os esforços, ou seja, armação em telas soldadas com reforço de armação convencional

“Temos que salientar que este processo foi executado em uma obra em andamento. Obviamente, o ideal é que tenhamos uma definição na fase de concepção dos projetos sobre o sistema a ser adotado. Sem dúvida, os ganhos seriam muito maiores”, comenta o engenheiro. Visando minimizar os problemas na obra nessa fase de adaptação rápida a um processo industrializado de construção, os profissionais da Arco Engenharia
contaram com um importante apoio do IBTS - Instituto Brasileiro de Telas Soldadas, que prestou consultoria e está realizando um acompanhamento técnico com relação aos indicadores de produtividade na área de armação, oferecendo inclusive treinamento para engenheiros da obra e encarregados de armação.

“ Com a assessoria do IBTS tivemos acesso a dados teóricos e práticos, e a oportunidade de desenvolver uma troca de conhecimentos e um intercâmbio técnico com uma equipe extremamente qualificada”, avalia o eng. Marco Aurélio.
Segundo a construtora, por ser a primeira vez em que se utiliza esse processo, ainda existem alguns ajustes a serem feitos em relação a prazos de entrega, logística e execução. Entretanto, já foram verificados bons índices nas armações para pilares, vigas e lajes.

“ Mesmo sendo um projeto convertido para o uso das telas soldadas, já melhoramos nossa produtividade e estamos quebrando um paradigma em obra, de que é possível executar serviços com fornecimento de materiais praticamente ‘just in time', desde que haja planejamento prévio e acompanhamento e comprometimento de toda a cadeia. Com a rotina do uso e alguns ajustes na parceria implementada juntamente com o fornecedor, este é um processo que, caso seja viabilizado na fase correta, tem todas as condições de se tornar extremamente viável”, declara o engenheiro da obra.

No total estão sendo utilizadas na construção cerca de 57 t de telas soldadas e aproximadamente 2.200 m³ de concreto dosado em central. As obras do Edifício Jacopo Bellini tiveram início em novembro de 2004, com previsão de conclusão para janeiro de 2007.

 

 
 
     
 
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