Ampliação
de Centro Logístico contará com sistema de
armazenagem totalmente automatizado
Estão
em fase adiantada as obras de ampliação do Centro
Logístico de uma das maiores indústrias de produtos
alimentícios do país localizado em Jundiaí (interior
de São Paulo).
As
novas instalações vão aumentar em 100%
a capacidade de armazenagem dos produtos.
O
Centro Logístico, inaugurado em Jundiaí há três
anos, conta atualmente com capacidade para armazenar 12 mil posições
pallets, movimentando diariamente cerca de 1.200 t. É responsável
por 80% da distribuição de produtos da empresa para
o país. Com as novas instalações, que devem
entrar em funcionamento a partir de março de 2006, o local
passará a estocar 24 mil posições pallets
e o volume de produtos movimentados passará para 1.800 t.
Serão cerca de 400 caminhões por dia saindo para
a distribuição.
A
ampliação compreende a construção
de um novo Centro de Distribuição (CD), com área
de 4.200 m² e
mais de 30 m de pé direito, dividido
em duas câmaras, uma menor para resfriados e outra
maior de congelados.
Um
dos destaques desse Centro de Distribuição é que
será totalmente operado com transelevadores, cujos comandos
serão feitos via rádio freqüência e código
de barras, num grande investimento em termos de tecnologia
de gerenciamento de armazenagem, sendo que o
processo automatizado contará unicamente com o trabalho
de robôs.
Esse
sistema de armazenagem do tipo transelevador, cuja estrutura
foi importada da Hungria, se diferencia do sistema
tradicional
porque, no lugar dos corredores para empilhadeiras normais,
existem trilhos, que servirão de caminhos para o transelevador,
que opera com enorme precisão e agilidade. A estanteria é muito
alta, chegando a mais de 30 m de altura e toda essa estanteria
funciona como fechamento do prédio, tanto lateral como superior.
Esse
sistema é muito interessante para armazenagem frigorificada.
Ele permite uma ocupação muito grande do volume da
obra, praticamente sem perda de espaço (ao contrário
da armazenagem convencional, onde, por conta do tráfego
de empilhadeiras, é necessário
deixar uma grande área livre). Além disso, no sistema
de armazenagem de frios, que opera com temperaturas negativas de
25 a 30 graus, o trabalho é bastante dificultado, tanto
para os operadores (mesmo devidamente equipados), quanto para as
empilhadeiras (normalmente
elétricas, têm uma perda de carga de bateria muito
grande nessas condições), que não são
utilizados nesse sistema automatizado.
Na
Europa esse tipo de construção já é bastante
comum, porque lá a oferta de terrenos é bastante
limitada e se faz necessário potencializar o uso de espaços.
Aqui no Brasil, esse tipo de obra ainda está restrito a
alguns setores, como a indústria farmacêutica, de
cosméticos e agrobusiness. Cargas
de tração
de 50 t
Outra diferença apresentada pelos transelevadores é que
as cargas a que o piso do CD estará sujeito são muito
elevadas, inclusive no que diz respeito a cargas de tração
pontuais, chegando a 50 t. “O sistema é extremamente
pesado, o que leva a necessidade de um piso com uma massa
muito grande, além de exigir uma precisão muito levada
em termos de nivelamento e planicidade, porque as tolerâncias
executivas desse sistema transelevador são muito rígidas”,
explica o eng. Públio Penna Firme Rodrigues, diretor da
LPE Engenharia e Consultoria, empresa responsável
pelo projeto dos pisos.
Por conta
dessa especificidade, o piso do Centro de Distribuição
acabou ganhando uma característica totalmente diferenciada.
Sua composição teve, inicialmente, subleito e uma
camada de 10 cm de brita graduada. Em seguida, foi executado um
piso inferior de concreto, com especificação de fck
25 MPa, 14 cm de espessura e armação superior de
telas soldadas (Q246), para controle da retração. “Esse
piso parece simples, mas tem uma função muito especial.
Como em cima
se trabalhará com temperaturas muito baixas,
em torno de -25º C, mesmo que se tenha isolamento térmico
poderoso, com o tempo pode ocorrer uma troca de calor com a sub-base.
Esse piso poderia ir congelando e qualquer umidade geraria problemas
de expansão.
Portanto,
nessa laje inferior foi projetada uma serpentina onde circula
permanentemente um óleo térmico, de modo
que se tenha sempre na sub-base uma temperatura acima de zero.
Esse sistema evita que se tenha congelamento”, comenta
o engenheiro.
Em cima desse
piso foi feita uma impermeabilização
com manta asfáltica, que funciona como barreira de vapor,
com o objetivo de evitar migração de umidade do terreno
para o impermeabilizante. Essa medida foi tomada porque se ocorrer
migração de água, esta começará a
subir, acumular e condensar na área do piso.
Piso de concreto
com 50 cm
Sobre a manta
foi realizado um isolamento térmico, com espuma
rígida de poliuretano, na espessura de 20 cm.
Depois do isolamento veio o piso propriamente dito,
executado em concreto armado, com
especificação de fck de 30 MPa e baixa
retração,
na espessura de 50 cm. Esse
piso tem armação superior e inferior de telas soldadas
(Q785), além de reforços de borda. A
taxa de armadura foi prevista para ser um pavimento
continuamente armado.
Apesar da
dimensão, o piso não apresenta juntas,
como explica o eng. Públio: “Temos apenas pequenas
juntas de construção armadas, pela impossibilidade
de se executar toda a concretagem de uma única vez. Quando
era necessário interromper a concretagem no final do dia
era colocada uma tela amarrada nas armações
superior e inferior, para segurar o concreto a 45º,
e ainda havia uma grande
barra de ligação de 20 mm a cada 30 cm.”
Outro destaque
desse piso industrial do Centro de Distribuição é que
o pavimento funciona similarmente a um radier, por receber diretamente
todas as cargas da estrutura. A questão do dimensionamento
desse piso como um elemento de fundação
consorciado levou em
consideração dois aspectos: em primeiro lugar, os
esforços atuantes; e, em segundo lugar, o sistema de fixação
da estrutura (presa com chumbadores químicos).
Até por conta disso, o acabamento superficial do piso industrial,
apesar das exigências de índices elevados de planicidade
e nivelamento (acima de 50), foi do tipo camurçado. Essa
decisão foi tomada porque os pilares são assentados
com porca e contraporca para nivelar. Com isso, o vão que
fica embaixo dos pilares é grauteado. Então, o piso
foi deixado camurçado por causa dessa fixação.
Na avaliação do eng. Públio Penna Firme Rodrigues,
a tecnologia das telas soldadas está perfeitamente adequada
a um projeto avançado de piso industrial, como esse do Centro
de Distribuição. “É impensável
a execução de um piso desses com armação
de vergalhão,
sob o ponto de vista de logística de execução,
até mesmo pelos comprimentos de ancoragem que se acaba tendo.
Numa obra como essa teríamos que vencer larguras relativamente
grandes que ultrapassam o comprimento do aço, então
nem dá para imaginar a quantidade de perda de aço
que se teria para preparar a armação. Um sistema
desse com fibras também é completamente inviável.
A protensão poderia ser uma alternativa, mas do ponto de
vista econômico, pelas características da obra - principalmente
no que diz respeito a reforços de borda - seu uso é totalmente
desinteressante” relata.
Todo o trabalho
de concretagem do piso do CD em Jundiaí levou
cerca de duas semanas para ser concluído.
No total, foram utilizados 2.700 m³ de
concreto na execução do piso,
além de 180 t de telas soldadas.
Os investimentos
da nova unidade da indústria de produtos
alimentícios somam até o momento R$ 30 milhões,
entre tecnologias de informação e sistemas avançados
de armazenagem, separação de pedidos, distribuição
e transporte.
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