Apesar
do pouquíssimo tempo para execução, as
obras do Conjunto Habitacional Terras
Paulistas, localizado no bairro de Itaim Paulista, zona leste de
São Paulo, estão transcorrendo
a todo vapor e dentro dos cronogramas fixados.
A
obra compreende 39 edifícios, com térreo mais
quatro pavimentos, num total de 780 unidades e sua execução
está dividida em duas fases. Nesta primeira etapa, estão
sendo executadas 480 unidades. Os apartamentos, de dois dormitórios,
têm 45 m² de área útil.
Os
prazos apertados foram definidos pela Caixa Econômica
Federal, contratante do empreendimento, que faz parte do
PAR
- Programa de Arrendamento Residencial e têm justificativa
porque as moradias, de padrão popular, precisam ficar
prontas o mais rapidamente possível, pois vão
ajudar a diminuir o déficit habitacional na maior capital
do país.
Mas esse não parece ser um grande problema para a Construtora
Sergus, contratada para executar
a obra. Isso porque já há alguns anos a Construtora
adota um sistema construtivo que se encaixa perfeitamente para
esse tipo de construção.
O método consiste na moldagem de paredes e lajes de concreto
armado com telas soldadas, para
execução de edifícios multipiso. O grande
diferencial está na utilização de fôrmas
metálicas, chamadas "fôrmas tipo banche",
para se moldar in loco numa primeira etapa todas as paredes e,
em seguida, todas as lajes. Por esse sistema todas as paredes apresentam
função estrutural. Outra vantagem é que nessas
fôrmas já é possível incorporar toda
a infra-estrutura de elétrica, hidráulica e gás,
necessária para os apartamentos, que é concretada
junto com a parede. Esse sistema construtivo recebeu o certificado
de Referência Técnica do IPT (Instituto de Pesquisas
Tecnológicas do Estado de São Paulo).
Apenas
para se ter uma idéia da agilidade obtida, na obra do
Conjunto Terras Paulistas a Construtora está trabalhando
com dois jogos de fôrmas. Isso significa que em 10 dias
se conclui a estrutura de dois edifícios. "É uma
maneira mais industrializada de se construir, queimando etapas
e obtendo uma obra mais limpa", esclarece o eng. Sérgio
Christiano, diretor técnico da Sergus. Essas fôrmas
podem ser reutilizadas em torno de 500 vezes, ou seja, como
se tem dois apartamentos por ciclo, é possível
executar 1.000 unidades por jogo de fôrmas.
A
comparação com as fôrmas túnel é inevitável.
Na avaliação do eng. Sérgio, os sistemas
são bem parecidos, e a principal diferença é que
na fôrma túnel as paredes e lajes são moldadas
de uma única vez, com um único conjunto de fôrmas.
Já no caso das fôrmas banche, primeiro são
moldadas as paredes e no dia seguinte são moldadas as
lajes, sobre as paredes já desformadas. Outra diferença é que
nas fôrmas túnel são necessários
alguns complementos em alvenaria
ou pré-moldados, principalmente na fachada, o que não
ocorre com as fôrmas banche, em que se executa 100% da estrutura
em concreto.
De
acordo com o engenheiro, o sistema funciona como uma linha
de produção industrial. De forma geral, verticalmente,
o prédio é dividido em duas partes (que no caso
correspondem a dois apartamentos cada) e enquanto se está concretando
as paredes de uma metade, se concreta as lajes da outra metade
do edifício. Na seqüência, os conjuntos de
fôrmas são trocados de lado e se invertem as concretagens.
Na
obra do Conjunto Habitacional Terras Paulistas são concretados
num dia aproximadamente 800 m² de parede. A desforma das
paredes ocorre no dia seguinte da concretagem e há 28
dias, essas paredes atingem resistência entre 30 e 35
MPa. O engenheiro esclarece que esse concreto tem que ter alta
resistência inicial, porque a desforma é feita
em poucas horas. Por conta disso, há a necessidade de
se contar com o apoio de aditivos plastificantes, para se fazer
a descarga rapidamente, até porque a especificação
do concreto nesse sistema prevê slump muito alto (16±3).
Nesse
processo, as telas soldadas têm um papel de destaque. "Se
a gente não utilizasse telas esse
ciclo de construção, que tem que durar exatamente
um dia - entre desforma, montagem, colocação de telas
e infra-estrutura elétrica e hidráulica, e concretagem
- seria completamente inviável", avalia o eng. Sérgio
Christiano. A tela soldada é fundamental para se conseguir
essa produtividade, velocidade na construção e a
qualidade e uniformidade exigidas pelo sistema construtivo. "Imagine
se tivéssemos que fazer essa armação com vergalhão
no próprio canteiro de obras. Seria muito complicado, sem
contar que fugiria completamente do conceito de obra industrializada
que procuramos atingir".
Outra
grande vantagem desse sistema construtivo, do ponto de vista
do meio ambiente, é que se tem muito pouca perda de
materiais, além do fato que o volume de entulho e resíduos é bem
reduzido, principalmente em comparação com a
alvenaria convencional, porque não há quebras
na fase de acabamento.
As
obras da primeira fase do Conjunto foram iniciadas em dezembro
de 2005, com entrega prevista para dezembro de 2006.
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