O projeto
arquitetônico de uma residência de alto padrão
no condomínio Tamboré II, no município
de Barueri, na região metropolitana de São Paulo,
vem chamando a atenção pela beleza das formas
e, principalmente, pelo aspecto inusitado de suas coberturas.
Desenvolvido
pelo arquiteto Roberto Vinograd, o projeto prevê a
construção de coberturas formando figuras geométricas
totalmente curvas. "Acredito que o telhado de uma casa é a
coisa mais simbólica, representa a cobertura, a proteção
contra vento, sol, chuva, invasões, contra o mundo hostil".
O arquiteto optou pela predominância das curvas em todos
os ambientes pela admiração que tem a essa tradição
que caracteriza a arquitetura brasileira.
O diferencial
verificado no projeto dessas coberturas é que
as curvaturas não ocorrem apenas em um sentido, mas em
ambos. A concepção é que, partindo de esferas
de diferentes tamanhos, faz-se um corte na superfície
arbitrariamente, também com linhas curvas, e esses fragmentos
de diversos tamanhos e ondulações são distribuídos
sobre o imóvel, formando o telhado.
Vinograd
avalia que, para a concretização de uma
obra, é fundamental se levar em consideração
três componentes: o tecnológico (os melhores processos
e materiais para a viabilização do projeto), o
econômico (nenhuma obra pode ser executada totalmente livre
de custos) e a mão-de-obra (os esforços humanos
necessários para concretizar a obra, em temos de capacitação
e quantidade).
Como o objetivo
era obter uma estrutura muito leve para o telhado, o projeto
inicial do arquiteto previa a utilização
nas coberturas de um aglomerado de silício com resinas
sintéticas. Entretanto, no transcorrer da obra percebeu-se
que o custo dessa alternativa era proibitivo. "Depois de
várias pesquisas, verificamos que a melhor solução
seria executar a cobertura em concreto leve, armado com telas
soldadas, sobre uma estrutura de vigas treliçadas metálicas",
explica Vinograd.
Na visão do arquiteto, para se obter as curvas harmoniosas
exatamente como previsto no projeto a utilização
de telas soldadas foi fundamental, pela uniformidade oferecida,
além de permitirem a dupla armação - positiva
e negativa - garantindo, com o uso dos espaçadores, a
execução de lajes perfeitamente iguais em termos
de espessura. Prova disso é que, independentemente das
curvas, em qualquer ponto das coberturas a espessura das lajes
de concreto é de exatamente 7 cm.
A tela soldada
também trouxe excelentes resultados em
termos de praticidade com mão-de-obra, não exigindo
formação específica para posicionar a armadura,
e por agilizar o processo de armação, uma vez que
não há a necessidade de ficar cortando e soldando
vergalhões. "Basta pegar a tela soldada, que já vem
numa dimensão adequada, e cortar exatamente de acordo
com o desenho determinado nas fôrmas. Para o meu tipo de
projeto, isso agilizou muito a construção",
comenta Vinograd.
"
Eu já inventei diversos tipos de cobertura, utilizando
madeiras, telhas, pedras, mas esta é a primeira vez que
projeto lajes curvas. E a opção do concreto armado
com telas possibilitou a perfeita concretização
desse projeto inovador". Outra vantagem da utilização
do concreto armado é viabilizar os diversos balanços
e grandes vãos livres que caracterizam o
projeto das coberturas.
O concreto
leve que está sendo empregado nas coberturas é acrescido
de argila expandida, e a densidade do concreto foi definida,
com a participação do calculista, em 1.200 kg/m3.
Todas as caídas das coberturas são voltadas para
um lago, que recolhe as águas pluviais, garantindo a reutilização
para uso na jardinagem. Seguindo o mesmo conceito das coberturas,
as paredes de toda a construção são curvas,
executadas em alvenaria convencional. Um detalhe curioso do projeto é que
os caixilhos, as esquadrias e os vidros também são
curvos e embutidos nas paredes.
A obra teve
início em janeiro de 2003, com previsão
de conclusão até o início de 2005. Para
o arquiteto, esse projeto pode servir como ponto de partida para
outras idéias inovadoras: "gostaria que essa técnica
que desenvolvi para cobertura residencial fosse do gosto das
pessoas, porque penso inclusive em utilizá-la para execução
em obras de pequeno porte".