Telas Soldadas
agilizam obra do Corredor Cultural
Visando
reverter o processo de degradação do centro da cidade,
a Prefeitura de São Paulo está desenvolvendo um programa
de reabilitação da região central, chamado
Ação Centro. Até a década de 40 o centro
de São Paulo era o pólo financeiro, social e afetivo
da população paulistana, mas nas décadas seguintes
acabou se tornando uma referência de espaço abandonado.
Coordenado pela Emurb - Empresa Municipal de Urbanização,
o Programa conta com o financiamento de US$ 100 milhões do
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), ao qual se somam
US$ 66 milhões investidos pela Prefeitura e iniciativa privada.O
Programa tem como eixo central projetos sociais e intervenções
urbanas capazes de recuperar as áreas degradadas e restabelecer
suas potencialidades para atividades já instaladas ou novos
usos.
O projeto do Corredor Cultural consiste na recuperação
e requalificação do percurso que, partindo da Praça
Dom José Gaspar, passa ao longo da Rua Xavier de Toledo,
tangencia a Praça Ramos de Azevedo e cruza o Vale de Anhangabaú,
pelo Viaduto do Chá, alcançando na outra extremidade
a Praça do Patriarca. Ao Teatro Municipal, na Praça
Ramos de Azevedo, e ao Viaduto do Chá, reformados em gestões
anteriores, juntam-se à recuperação já
concluída da Praça do Patriarca, onde se encontra
a Galeria Prestes Maia, e as reformas da Rua Xavier de Toledo, da
Biblioteca Mário de Andrade e da própria Praça
Dom José Gaspar, onde está situada. O nome Corredor
Cultural deve-se ao fato de que ele integra vários equipamentos
de cultura ao longo de seu trajeto.
De acordo com o arq. Rinaldo Bueno, gerente da obra do Corredor
Cultural pela Emurb, o escopo da obra abrange mudança de
pisos e calçadas, renovação de pavimentação,
paisagismo, equipamentos urbanos e iluminação, entre
outras ações.
O projeto original previa que a pavimentação fosse
asfáltica, de acordo com o que já existe no local.
Entretanto, o projeto básico no qual se baseou a licitação
previa um rebaixamento do greide para acertos de drenagem (ao longo
dos anos o pavimento foi recapeado sucessivamente, gerando uma situação
de drenagem muito prejudicada).
Durante as prospecções do solo descobriu-se que embaixo
de uma camada de aproximadamente 20 a 25cm de capa asfáltica,
havia uma outra camada de 20cm de concreto. Depois de algumas análises
chegou-se a conclusão que se tratava de um antigo pavimento,
com cerca de 50 anos.
"A partir daí havia duas saídas: demolir o concreto
que existia e abrir uma caixa profunda para fazer o pavimento asfáltico,
com uma sub-base resistente para dar conta da demanda, ou aproveitar
a camada antiga de concreto como sub-base, colocando-se sobre ela
a menor espessura possível de pavimento, para não
prejudicar a geometria do projeto. Foi aí que surgiu como
solução o overlay de concreto duplamente armado",
explica o arquiteto.
O pavimento apresenta espessura variável de 12 a 15cm, com
armação positiva e negativa de telas soldadas. O concreto
utilizado na pavimentação apresenta especificação
de fck final de 30MPa, com 28 dias. Entretanto, devido à
necessidade de rápida liberação de alguns trechos
para o tráfego, está se trabalhando com especificação
de resistência variável entre 1 e 3 dias (fc1 e fc3),
atingindo 18MPa em 30 horas. Também por conta disso, o cimento
utilizado é do tipo CP I, com o consumo de 370Kg/m3.
"A necessidade de se obter a menor espessura possível
aliada à alta sobrecarga a que o pavimento estará
exposto pelo tráfego de ônibus nos levou a optar pelo
pavimento de concreto armado com telas soldadas. Além disso,
as telas apresentam como vantagem a agilidade e a praticidade oferecidas,
o que para nós, que temos prazos curtíssimos para
execução de cada etapa é fundamental. Elas
chegam à obra exatamente nas medidas necessárias,
o que facilita ainda mais o trabalho", avalia Rinaldo Bueno.
Segundo o eng. Nelson Bochetti, da empresa EP - Engenharia de Pisos,
responsável pela execução do pavimento, a principal
dificuldade encontrada numa obra desse tipo diz respeito à
logística necessária para sua viabilização
com sucesso, por estar localizada no centro de São Paulo,
uma área agitada, com tráfego pesado e constante,
trânsito de pessoas e muitos escritórios. "Essa
área não pode ser totalmente interditada, deve haver
uma rápida liberação para o tráfego
e isso demanda, entre outras coisas, a utilização
de um concreto desenvolvido especialmente para as características
dessa obra e a realização da concretagem em horários
alternativos", comenta o engenheiro.
Um dos resultados práticos é a realização
das concretagens sempre no período noturno, com uma programação
definida em reuniões quase diárias entre todos os
setores envolvidos diretamente com a obra (construtora, concreteira,
empresa responsável pelo piso, Emurb), mais aqueles com os
quais haverá interface, como os órgãos responsáveis
pelo trânsito (CET- Companhia de Engenharia de Tráfego
de São Paulo e SPTrans - que gerencia o transporte coletivo
na cidade), além de Comgás (redes de gás encanado),
Eletropaulo (a região é passagem dos trolebus - ônibus
movidos à energia elétrica) e Telefônica (cabeamento
telefônico). Além disso, existe uma preocupação
permanente com a previsão do tempo para o dia definido para
a concretagem, porque em caso de chuva todo o planejamento tem que
ser refeito.
"Durante o período de concretagem, os caminhões
betoneiras saem da central de concreto definida pela concreteira
e chegaram à obra em intervalos cronometrados de 30 minutos
entre um e outro. Por ser um trabalho realizado à noite,
o cuidado deve ser redobrado, porque não pode haver qualquer
problema nessa central de concreto. Na maior parte das concretagens,
são utilizadas cerca de 20 betoneiras por noite", declara
Nelson Bochetti.
Para fazer o adensamento e nivelamento do piso a EP está
utilizando o equipamento Laser Screed, coma acabamento vassourado,
seguindo recomendação do projeto. A área total
de pavimento rígido no corredor Cultural é de 9.640
m2, e durante toda a obra serão consumidos 1.250 m3 de concreto
e 67 t de telas soldadas. A previsão da Emurb é de
que os trabalhos estejam concluídos até o próximo
mês de outubro.
|