Para
tentar solucionar o grave e antigo problema de alagamento que
afeta nove bairros do município de Porto Alegre (RS),
a Prefeitura decidiu construir o Conduto Forçado Álvaro
Chaves-Goethe, considerada a maior obra de drenagem urbana dos últimos
30 anos na capital gaúcha, e que deve beneficiar diretamente
cerca de 100 mil pessoas.
De
acordo com o projeto, o Conduto foi concebido para redirecionar
o fluxo das águas
pluviais, drenando as partes altas da bacia Almirante Tamandaré -
atualmente sobrecarregada - diretamente ao rio Guaíba.
Orçada em cerca de R$ 43 milhões, a obra terá recursos
do município e financiamento do Banco Interamericano de
Desenvolvimento - BID. A construção foi iniciada
no mês de maio com prazo de conclusão em 24 meses
e está sendo executada pelo grupo de empresas que formam
o Consórcio PRM (Pavicom, Mac e Ribas).
O
Conduto compreenderá cerca de 3.200 m lineares de rede
subterrânea, sendo totalmente construído em concreto,
parte moldada in loco e parte em pré-moldados. O concreto
utilizado nas peças pré-moldadas apresenta especificação
de fck igual a 30 MPa. Já as peças moldadas in loco
têm concreto com fck 25 MPa.
A
forma de operação do Conduto é simples:
a rede de galerias vai acumulando as águas ao longo de sua
extensão até atingir uma pressão de trabalho
de 10 m/coluna de água, quando as águas são
empurradas no sentido do rio Guaíba.
No
final do trajeto, junto ao rio, existe uma casa de bombas que
puxa a água do Conduto e alivia a pressão do sistema.
Os
condutos apresentam dimensão média de 7,5 m de
largura por 2,5 m de altura, ocupando a largura total das ruas,
sob as quais são construídos.
Uma
das principais dificuldades dos construtores foi o fato de esse
tipo de obra exigir a completa interdição das
vias de tráfego onde está sendo realizada. Como as
35 ruas pelas quais seguirá o Conduto são de alta
densidade populacional, foi necessária a definição
por um processo construtivo que agilizasse as obras.
Segundo
o eng. Luis Fernando Morassutti, gerente do Consórcio
PMR, essa foi uma das principais justificativas para a utilização
de armação com telas soldadas na maior parte do Conduto,
que está sendo executado em concreto moldado in loco. ”
Como esses condutos são construídos nas ruas, obrigando
a interdição total do fluxo de veículos, quanto
menos tempo demorarmos, certamente incomodaremos menos a população”,
explica.
A
tela soldada apresenta ótimos resultados em termos de
segurança quanto à qualidade e uniformidade do material. “Com
o vergalhão estamos mais sujeitos a erros e aumenta o desperdício
de material”, avalia o engenheiro.
Um
detalhe curioso desta obra é que durante as escavações
para o início das obras foram encontrados mais de uma centena
de fragmentos de peças arqueológicas do início
do século passado, como vidros de remédios com inscrição
do conteúdo, pedaços de louças de fabricação
nacional, além de fragmentos de diversos metais e ossos
de gado. Todas as peças localizadas serão limpas,
catalogadas e passarão a fazer parte do acervo do Museu
Joaquim José Felizardo.
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