Localização
central dificulta os trabalhos
Fazer
o redimensionamento do traçado geométrico de um viaduto
numa área de alto fluxo de veículos e pedestres. Essa
tem sido a difícil missão da Construtora Jofegê,
contratada pela Prefeitura de São Paulo para executar as
obras no Viaduto Antártica, na zona oeste da cidade.
O
Viaduto tem 690 m de extensão, sendo que cada pilar sustenta
as seis faixas de rolamento (três em cada sentido). Com a
conclusão da obra, prevista para outubro próximo,
passará a operar com quatro faixas de rolamento em cada sentido.
A
obra apresenta dois níveis de dificuldade: em primeiro lugar,
a necessidade de liberação do tráfego com a
maior brevidade possível, porque o Viaduto representa uma
importante rota alternativa de carga super dimensionada, para fugir
dos constantes congestionamentos na Marginal Tietê. Por conta
disso, a CET - Companhia de Tráfego exigiu que fossem mantidas
em operação, pelo menos, quatro faixas de rolamento
durante a execução dos trabalhos, o que resultou em
algumas obras emergenciais.
Entretanto,
segundo o engenheiro da obra, Heitor Ducci, o que torna o trabalho
mais complexo é a constante e fundamental preocupação
em termos de segurança, "porque embaixo do Viaduto existe
tráfego de pedestres, trânsito permanente de carros
a qualquer hora, circulação de trens da CPTM e do
metrô. Tem que estar o dia todo com cuidado total para evitar
algum tipo de acidente".
De
acordo com o engenheiro, já havia uma programação
para fazer um reforço na estrutura do Viaduto, mudando o
tabuleiro de TP 36 para TP 45. Ao fazer vistorias nos blocos de
sustentação foi constatado que em dois pilares havia
rachaduras de até 3 cm, devido à deficiência
na armadura executada de acordo com o projeto inicial, que é
de 1969. Isso provocava uma deficiência de fretagem na parte
superior do bloco.
Visando
solucionar o problema, foi feito um reforço com estaca raiz
(18 ao redor dos blocos deficientes), passada uma cinta em volta
dos blocos e colocadas 18 barras de dividade com 32 mm de diâmetro,
com capacidade de tração de 100t cada uma. Graças
a essa quantidade de estacas, houve um aumento na capacidade de
sobrecarga dos pilares da ordem de 900t.
Variedade
de utilizações da tela
Para
dificultar ainda mais o trabalho da Construtora, um incêndio
ocorrido em julho de 2001 num dos vãos do Viaduto - que era
ocupado por moradores de rua - obrigou o fechamento total do local
para o trânsito por cinco meses.
De
acordo com o eng. Ducci, o projeto previa originalmente a utilização
de telas soldadas na laje superior. Como, posteriormente, houve
uma definição pela substituição do pavimento
asfáltico por pavimento estruturalmente armado de concreto,
foi possível, com a utilização da tela no tabuleiro,
melhorar a qualidade do pavimento e ao mesmo tempo reforçar
a laje.
As
telas soldadas também estão sendo utilizadas na parte
inferior do Viaduto, na área atingida pelo incêndio.
Foi feito um apicuamento para tirar o concreto deteriorado e em
seguida executada armação com tela soldada.
"A
tela soldada foi importante nessa obra porque oferece praticidade
e muita rapidez. Com vergalhão, demoraria 10 dias para fazer
um tramo de 90 m, sendo que com a tela esse serviço foi realizado
num único dia", explica o engenheiro. Outros pontos
ressaltados foram a economia de mão-de-obra e a facilidade
do transporte da tela numa obra com essas características.
Para
evitar novos incidentes como o incêndio ocorrido no Viaduto
Antártica, a Prefeitura determinou à Jofegê
que execute o fechamento dos vãos embaixo do Viaduto. Visando
agilizar o trabalho e reforçar as paredes, a empresa está
construindo muros de concreto armados com telas soldadas.
Em
toda a obra está se utilizando concreto com especificação
de fck 30 MPa, com brita zero e aditivo superplastificante. No total,
serão utilizados 15.700 m2 de telas soldadas na parte superior
do Viaduto e 5.200 m2 na parte inferior.
|