Piso armado
com telas soldadas garante segurança e eficiência
"A
tendência mais adequada em termos de dimensionamento de piso
industrial no Brasil é seguir linha européia, que
prevê baixas espessuras e tamanhos de placas grandes, com
reforço. Com isso, o piso acaba tendo um custo mais baixo"
Fruto
de uma nova condição de vida nas grandes cidades,
a procura por alimentos congelados vem batendo recordes nos últimos
anos. Atraídos por comodidade, rapidez e qualidade, os consumidores
estão se voltando mais para esse tipo de produto, levando
a uma ampliação dessa fatia de mercado por parte das
indústrias alimentícias.
Como
conseqüência, a necessidade de utilização
de câmaras frigoríficas das empresas de logística
que trabalham com materiais congelados, antes restritas basicamente
aos períodos de entressafra ou produtos sazonais, hoje passa
a ser mais constante.
A
necessidade de espaço tem feito com que as próprias
redes de supermercados iniciem um processo de instalação
em suas principais lojas de câmaras de congelado e de resfriados,
assim como os centros de distribuição estão
privilegiando a construção de câmaras frigoríficas
com mais de 30.000m2.
Essa crescente demanda por um tipo bastante específica de
obra provocou o desenvolvimento de estudos cada vez mais aprofundados
para se chegar aos materias e técnicas mais indicados para
a construção de câmaras frigoríficas,
dentro do conceito de busca de alternativas eficientes e de menor
custo.
Na realidade, segundo o eng. Públio Penna Firma Rodrigues,
diretor da LPE Engenharia e Consultoria, é a operacionalização
da câmara frigorífica que vai fazer com que se ditem
algumas regras do ponto de vista construtivo. O fato de uma câmara
trabalhar normalmente com uma temperatura por volta de 25ºC
negativos faz com que qualquer operacionalização de
manutenção seja extremamente complicada e impõe
que, antes da construção, se preveja os possíveis
problemas para evitá-los.
"A
tendência cada vez maior é a redução
na quantidade de juntas. Você trabalha com camadas de isolamento
embaixo do piso, que têm comportamento diferente do que tem
o solo. Então é necessário buscar informações
mais detalhadas sobre o assunto. Anteriormente, no Brasil, se trabalhava
basicamente com espuma rígida de poliuretano. Aí apareceu
o EPS com características estruturais. Esse produto tem três
classes diferentes de resistência, mas não tínhamos
as informações sobre a qualidade desse material como
elemento de suporte, ou seja, o coeficiente de requalque k deste
material. Começamos a desenvolver pesquisas e o resultado
doi surpreendente favorável. Com isso conseguimos aprimorar
muito mais os projetos", explica o engenheiro.
A
importância do piso
Um
dos itens mais importantes na construção de uma câmara
frigorífica é o piso, que apresenta características
particulares. De um modo geral, os pisos seguem a seguinte estrutura:
inicialmente, se executa um contrapiso com concreto e armadura simples
de telas soldadas; sobre ele é feita impermeabilização;
depois, aplica-se uma camada de isolamento térmico; sobre
ela é colocado um filme plástico (para não
permitir que o concreto penetre no isolamento térmico); e,
finalmente, é executado o piso da câmara propriamente
dito, com armadura dupla com telas soldadas e especificação
de fck normalmente maior que 30 MPa e aplicação de
endurecedor de superfície que funciona bastante bem para
esse tipo de solicitação.
A
espessura da placa de piso situa-se entre 12 e 16cm, dependendo
da capacidade de estocagem da câmara frigorífica. Nas
áreas, de supermercado os pisos são mais leves e trabalham
com sobrecarga de 2 a 3 tf/m2. Já nas áreas de armazenagem
e logística, são pisos que trabalham com sobrecarga
de mais de 7tf/m2., em virtude da circulação de grandes
empilhadeiras e de se Ter prateleiras elevadas.
Na
avaliação do eng. Públio Rodrigues, "a
tendência mais adequada em termos de dimensionamento de piso
industrial no Brasil é seguir a linha européia, que
prevê baixas espessuras e tamanhos de placas grandes, com
reforço. Com isso, o piso acaba tendo um custo mais baixo.
Por Ter espessura menor, ganha-se mais espaço, e tendo quantidade
menor de juntas também se tem menos problemas".
Nesse caso, o piso deve Ter o reforço de uma armação
com telas soldadas. Isto porque se tem dois tipos de esforço
distintos que vão estar atuando no piso: esforço de
carregamento e de movimentação, e retração
térmica do concreto, tanto durante a primeira fase, de construção,
quanto depois, durante a operação da câmara.
Tela
é opção natural
"Uma das vantagens da utilização da tela soldada
é permitir que você determine exatamente como quer
que o piso trabalhe, detalhando corretamente a tração
que ele vai resistir e a sobrecarga que vai suportar, o tamanho
das placas e o formato, o que dá uma grande flexibilidade
para o projeto e nos propicia cercar de forma eficiente todos os
possíveis problemas", esclarece o diretor da LPE.
Alguns
tipos de câmaras frigoríficas - como as construídas
nos grandes centros de distribuição - exigem um reforço
no piso. Nesse caso, a opção mais eficiente é
armadura dupla. Como nesses locais se trabalha permanentemente com
cargas muito pesadas, a armadura dupla permite que o piso seja executado
com espessuras reduzidas, diminuindo custos e oferecendo uma reserva
estrutural maior e um comportamento de retração hidráulica
mais controlado.
Também
é possível verificar que em construções
desse tipo, com processo industrializado, automaticamente desaparecem
algumas comparações, como entre armação
convencional e telas soldadas. O eng. Públio Rodrigues, define
bem essa situação ao afirmar que, em grandes centros
como São Paulo, em termos de pisos industriais, não
se pensa mais em construção com armação
convencional. "Antigamente tinha um debate, se discutia preço
e, no final, graças às vantagens oferecidas, acabava-se
optando pelas telas. Hoje em dia não se tem mais essa necessidade,
porque ninguém questiona a necessidade de utilização
das telas soldadas nesse tipo de obra. É simplesmente indispensável",
comenta o engenheiro.
Outro
ponto extremamente importante com relação ao piso
é o material de selagem das juntas, porque a câmara
frigorífica é construída numa temperatura muito
acima de sua temperatura de trabalho (diferença de cerca
de 50ºC). Não há material de junta que resista
a uma diferença térmica tão grande que acompanhe
essa deformação e propicie uma perfeita impermeabilização.
Dessa forma, se tem a necessidade de selar as juntas na temperatura
de trabalho da câmara frigorífica, o que é conseguido
com selantes a base de poliuréia.
Graças
ao clima tropical brasileiro e à necessidade de comodidade
e rapidez dos moradores dos grandes centros urbanos, é possível
prever que esse mercado de construção de câmaras
frigoríficas se mantenha em expansão por muitos anos.
Nesse sentido, a produção de novos materiais com maior
valor agregado, que facilitem a execução desse tipo
de obras, tem aceitação garantida..
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