Visando
obter alta qualidade, agilidade e custo reduzido na execução
de um galpão industrial no Ceará, a Carbone Construtora
optou pela utilização do sistema construtivo tilt-up
para viabilizar a obra. Devido às suas características,
o tilt-up provou ser uma das alternativas mais competitivas para
a construção de galpões industriais, inclusive
nas regiões mais distantes do país.
O
galpão construído será utilizado como depósito
de medicamentos para a multinacional
Fresenius Kabi, laboratório alemão e líder
no mercado nacional de nutrição parenteral.
Tendo em vista a expansão da empresa, houve a necessidade
de ampliação da fábrica localizada na cidade
de Aquiraz (CE), a 30 km de Fortaleza, que passará a ter
área construída de 17.197 m², num terreno de
60.640 m².
De
acordo com Carlos Carbone, diretor comercial da Carbone Construtora,
para suprir as necessidades da empresa, foi projetado um galpão
de altura não convencional,
em virtude das limitações para sua implantação
nas áreas disponíveis do terreno. “Optamos por
desenvolver um projeto que tivesse características verticais
para melhor aproveitamento do espaço”, explica.
O
sistema tilt-up foi muito importante para o sucesso da obra, devido
ao cronograma apertado, uma vez que o cliente não podia parar
a linha de produção da fábrica para remanejamento
do layout industrial. “Iniciamos
o projeto em novembro de 2006, após o término das
fundações e conseguimos finalizá-lo em fevereiro
do ano seguinte, apesar de todas as dificuldades encontradas",
ressalta o engenheiro.
O
grande diferencial desta obra ficou por conta da confecção
dos painéis mais altos já noticiados no Brasil (18
m de altura). Essa particularidade fez com que equipamentos específicos,
como escoras especiais, fossem fabricados em São Paulo e
transportados para o Ceará, a fim de possibilitar e viabilizar
a execução do sistema construtivo.
Para execução das fundações foram utilizadas
estacas raiz, devido às características do terreno,
que apresentava lençol freático próximo à
superfície e baixa coesão do solo. Na seqüência,
após o estaqueamento, deu-se início à execução
dos blocos para pilares e blocos para apoio dos painéis tilt-up,
abrindo frente para execução do piso, que, posteriormente,
foi utilizado como fôrma na fabricação das paredes
pré-moldadas de concreto.
A obra contou, também, com a execução de um
extenso muro de arrimo em concreto armado, que viabilizou a implantação
do galpão em sua posição atual. “No sistema
tilt-up, não são necessários baldrames, proporcionando
economia e redução no cronograma e nos custos finais
da obra. No total, foram executados 29 pilares pré-moldados
de concreto, com comprimento máximo de 16,50 m, o que equivale
a um peso aproximado de 27 toneladas”, explica Gian Roberto
Pasquali, engenheiro responsável pela execução
da obra.
Foram empregadas vigas metálicas de cobertura com vãos
de 35 m e apenas uma linha de pilares intermediários, que
garantiram maior aproveitamento do espaço interno. As telhas
são do tipo sanduíche em alumínio para melhorar
o desempenho térmico da edificação.
O piso industrial foi projetado com espessura efetiva de 22 cm,
armado com telas soldadas para atender uma sobrecarga de 14 tf/m².
A elevada espessura do piso se justifica pela presença de
grandes cargas pontuais aplicadas pelos porta-pallets com altura
de 13,5 m e alta capacidade de carga. Houve também a necessidade
de avaliar as cargas provenientes do tráfego do guindaste
sobre o piso e sua patola durante a montagem dos painéis.
O polimento superficial do concreto aplicado no piso industrial
e painéis tilt-up garantiu a qualidade e acabamento de ambos
os elementos estruturais. Nas juntas serradas e de concretagem do
piso foram empregados lábios poliméricos para garantir
durabilidade às juntas frente ao constante tráfego
no piso industrial e painéis tilt-up garantiu a qualidade
e acabamento de ambos os elementos estruturais.
Nas juntas serradas e de concretagem do piso foram empregados lábios
poliméricos para garantir de empilhadeiras.
O
coordenador da obra, eng. Marcus Carbone, conta que, para executar
esse projeto, a Construtora precisou desenvolver uma logística
especifica. “Houve um cuidado especial na escolha dos materiais
e fornecedores que iriam abastecer a obra. As necessidades em termos
de logística de concretagem e grandes volumes de concreto
empregados em curto espaço de tempo acabaram por definir
e limitar os fornecedores locais de concreto a apenas dois”.
Para
obter melhores resultados, a Carbone Construtora optou por concretagens
em períodos alternativos, fora do horário comercial,
devido às altas temperaturas, que poderiam prejudicar a qualidade
do pavimento industrial e dos painéis tilt-up. “Adotamos
critérios técnicos para controle da cura, como emprego
de cura química, utilização de manta geotêxtil
para cura úmida e constante hidratação para
controlar a temperatura do concreto, além de rídigo
controle tecnológico. Em casos extremos, quando a temperatura
chegou aos 40ºC, utilizamos artifícios como barreiras
físicas nas extremidades dos painéis para confinar
a água de hidratação, criando uma lâmina
d´água nas superfícies em contato com o ambiente,
promovendo um melhor controle na cura dos elementos concretados”,
explica Marcus.
Com
o objetivo de melhorar o desempenho do concreto, foram empregados
aditivos plastificantes para diminuir a relação água
cimento e, conseqüentemente, reduzir a porosidade do concreto,
indesejada em ambientes com alta agressividade. Vale lembrar que
a região de Fortaleza possui uma das mais agressivas maresias
do mundo. Além disso, os aditivos retardadores de pega foram
importantes para evitar que os concretos apresentassem início
de pega prematuro por perda da água de amassamento, causado
pela exposição a elevadas temperaturas.
As paredes ganharam espessuras de 18 cm, para atender os critérios
de cobrimento de armaduras previstos na NBR6118-2003 e também
para possibilitar o dimensionamento dos painéis com altura
de até 18 m e peso próprio de 41 tf, submetidos à
flexão no ato do içamento.
Foram utilizados na obra do galpão industrial da empresa
Fresenius Kabi concretos com especificação de fck
entre 30 MPa e 40 MPa, com volume aproximado de 2.600 m³, e
cerca de 45 t de telas soldadas, sendo 29 t no piso industrial e
16 t nos painéis tilt-up.
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