Projetar
o piso em concreto armado da câmara fria de um depósito
da indústria de sucos Brasil Cirus, que apresentava
algumas características bastante particulares. Esse
foi o desafio enfrentado – e vencido - pela Monobeton
Soluções Tecnológicas.
A
obra, realizada no município de Tabatinga, no interior
de São Paulo, consiste num galpão único, subdividido
em câmara fria (0 a 5º C) com área de 200 m² (10
m x 20 m), e uma câmara de congelados
(-20º C) com área de 800 m² (20
m x 40 m). A primeira dificuldade encontrada pelos técnicos da empresa
foi adaptar o projeto do piso de acordo com o isolamento para
as câmaras frias, já existente, que foi executado em
EPS de baixa densidade (isopor).
“ Esse
isolamento tem uma capacidade de suporte extremamente baixa,
inviabilizando o apoio do piso
de concreto diretamente sobre este material. Para solucionar
este problema foram especificados alguns
distanciadores (de madeira), os quais transmitem as cargas
do piso diretamente para a laje sob o isolante. Esta
solução teve o aval da empresa fornecedorera
do isolante, a qual garantiu que não ocorrerá perda
de desempenho do isolamento. A partir daí foi
concebido um novo sistema de dimensionamento do
piso”, explica o eng. Breno Macedo Faria, coordenador técnico
da Monobeton.
O
isolamento de EPS
apresenta espessura de 25 cm e os distanciadores foram colocados
a uma razão de 5 unidades/m² .
Normalmente, o material utilizado para isolamento em obras
desse tipo é o poliuretano, que tem capacidade
suficiente para suportar o piso de concreto (e o carregamento)
sem a necessidade dos distanciadores,
evitando com isto a elaboração de um novo modelo
de dimensionamento para contemplar os apoios dos distanciadores.
De
acordo com o eng. Paulo Bina, diretor da Monobeton, a segunda
dificuldade consistia em definir as
características do piso industrial, levando em consideração
a sobrecarga a que o mesmo estará exposto
(tráfego de empilhadeiras com carga no eixo dianteiro de
até 7,5 tf, cargas pontuais de pés de estantes
porta-pallets de até 1,5 tf, e carga distribuída
de até 3,7 tf/m²)
e a necessidade de ser executado no sistema
jointless floor (piso sem juntas).
Esse
sistema foi especificado para evitar juntas dentro das câmaras,
que poderiam gerar duas situações:
prejuízo no desempenho da câmara em manter sua temperatura
de trabalho; elevação do piso e sua
quebra generalizada, em virtude de possível penetração
de líquidos das mercadorias estocadas.
“
Devido à intensidade do carregamento, à baixa capacidade
de suporte do EPS, e à concepção
de piso apoiado sobre espaçadores de madeira foi necessária à utilização
de armadura dupla em telas
soldadas no concreto do piso, para absorver as tensões nas
faces inferior e superior (tensões negativa
e positiva)”, comenta o eng. Bina. A tela superior também
tem a função de absorver os esforços
de
retração do concreto, que são elevados
num piso sem juntas.
Segundo
os engenheiros, as telas soldadas proporcionam maior agilidade
na montagem da armação e
maior qualidade no espaçamento das ferragens, em comparação
com o sistema que utiliza vergalhão.
Também foi feito um projeto com as distribuições
dos painéis de tela; esta distribuição
garante uma
redução nas perdas por cortes e transpasses de painéis
e maior agilidade na montagem. No total, foram
utilizadas 13 t de telas soldadas dos tipos Q
283 (na armadura superior, apoiada sobre treliças metálicas)
e Q 396 (na armadura inferior).
Depois
do lançamento do concreto foram utilizados vibradores
de imersão. Em seguida, utilizando-se
o nível laser, foram marcados alguns pontos no concreto
com nível do piso acabado (mestras úmidas).
Com
estas "mestras úmidas" como referência
executou-se o sarrafeamento de toda a superfície.
Após o sarrafeamento foram realizadas as operações
de acabamento e planicidade, onde se utiliza
o "discão" para puxar argamassa para a superfície
do piso, o rodo de corte para eliminar as ondulações
na superfície, e o "helicóptero" para queimar
a superfície do piso. No projeto foram especificados
í
ndices de planicidade FF 40/30 (valor médio / valor mínimo
local) e nivelamento FL 25/20 (valor médio
/ valor mínimo local).
O concreto utilizado na execução desse piso apresenta
especificação de fck 35 MPa.
Para
a garantia
da qualidade durante a execução do piso, o concreto
apresentou abatimento de lançamento de 100 a 120
mm, teor de argamassa de 50 a 52%, e
tempo de início
de pega em torno de 4 horas.
Visando
garantir sua durabilidade, a Monobeton especificou o concreto
com
as seguintes
características:
fator água/cimento <0,5, consumo mínimo de cimento
de 350 kg/m³,
granulometria contínua
dos agregados, retração máxima do concreto (ASTM
C 157) de 0,04% (ensaiado aos 56 dias).
“No
caso específico desta obra, que compreende uma câmara de
congelados, onde a temperatura é inferior a 0º C, é
necessário garantir um teor de ar incorporado ao concreto
de 5 a 8%”, avalia o eng. Paulo
Bina. O volume total de concreto
utilizado na obra
foi 150 m³.
Além
das dificuldades geradas pela baixa capacidade de suporte do
EPS e pela sobrecarga do piso nas
câmaras frias, a Monobeton também teve uma grande
preocupação com a soleira dos portões
entre as
câmaras (fria e congelada) e entre estas e a área
externa.
“Estas soleiras
foram especificadas em chapas de
aço especial, que seriam chumbadas com graute em rebaixos
no piso de concreto. É importante
lembrar que os pisos das câmaras fria e de congelados têm
que trabalhar totalmente independentes
uma da outra, portanto estas soleiras
também foram projetadas para garantir
a livre movimentação
entre os pisos das câmaras e ao mesmo tempo suportar os esforços do tráfego
de empilhadeiras”, comenta
o eng. Breno.
Outro
fato diferencial nesta
obra é que as câmaras
frias irão armazenar suco
de laranja, que se caracteriza
por ter boa quantidade de ácido cítrico.
Portanto, para evitar que algum
derramamento de suco ataque
o concreto do piso foi especificada
uma pintura à base de
poliuretano, que tem grande resistência
química, a fim de garantir maior durabilidade para
o piso.
O
projeto do piso industrial do depósito da indústria
de sucos Brasil Citrus foi
desenvolvido em agosto de 2005 e a obra foi executada
em setembro do mesmo ano.
|