Telas Soldadas ajudam a vencer dificuldades em prédio multiuso

Uma construção com vários obstáculos a serem vencidos. Assim pode ser caracterizada a obra de ampliação do Centro de Distribuição da Indústria Tramontina São Paulo, na região de Alphaville (Grande São Paulo).

A empresa já possuía um galpão no local e, com a aquisição do terreno vizinho, decidiu construir um edifício multiuso de dois andares, que abrigará áreas de armazenamento de produtos, show room e estacionamento. São 9 mil m2 construídos por andar, num terreno com aproximadamente 11 mil m2.

A estrutura do prédio está sendo toda executada com pré-fabricados de concreto, com cobertura metálica. O pé direito do andar inferior tem 10,5 m e o superior alcança 7 m.
Um dos primeiros problemas enfrentados pela Construtora Moura, Schwark, responsável pela obra foi a baixa qualidade e resistência do solo existente naquela região, insuficiente para suportar a sobre-carga a que estaria exposto. "O terreno já estava terraplenado, mas foi necessário escavar de novo uma certa quantidade de solo, para repor o material tratado adequadamente", explica o eng. Paulo Bina diretor da Monobeton Soluções Tecnológica, responsável pelo projeto dos pisos da obra.

A solução foi utilizar a técnica de solo reforçado, comum em obras rodoviárias, e que consiste na adição de geogrelha de reforço e produtos ao solo para aumentar a rigidez, a resistência do mesmo, e homogeneizar os recalques. Foram feitas misturas do solo com cimento, cal, e outras alternativas, para verificar qual apresentava o melhor desempenho técnico e econômico. A partir daí, foram tiradas duas camadas de 20 cm do solo, recompostas com a geogrelha de fibra de vidro e formando outra característica estrutural.

Um outro diferencial da obra é que, para dar sustentação a estrutura pré-fabricada, primeiro foi executada a concretagem da consolidação da mesma, em conjunto com o piso do pavimento superior do prédio, para depois ser executado o piso inferior e a cobertura. Ou seja, é uma obra que cresceu da meio para baixo e para cima.

O piso do pavimento superior tem espessura variável entre as regiões das vigas e o ponto mais elevado das lajes, sendo neste ponto com 5 cm de espessura e projetado para suportar uma sobrecarga de 1.500 kg/m2. Foi executado diretamente sobre uma laje pré-fabricada, do tipo alveolar, de 30 cm de espessura Como essa etapa da construção foi realizada antes das demais, a dificuldade encontrada pelos construtores é que esse piso foi totalmente executado a céu aberto, antes da colocação da cobertura.
Em cima da laje foi feita a colocação de uma armadura de distribuição, que já é, ao mesmo tempo armadura complementar da laje e armadura do piso. Ou seja, foi definido em conjunto com o calculista da estrutura uma integração da laje com o piso.
Então, essa armadura em telas soldadas cumpre duas funções: ela funciona como armadura positiva do piso e armadura negativa da laje, que é protendida e naturalmente apresenta deformações.
Já o piso do pavimento inferior foi projetado com 14 cm de espessura, com armadura positiva e
negativa em tela soldada, por conta da carga elevada (10 t/m2) a que estará exposto, representada pelo tráfego constante de empilhadeiras pesadas (8 t) e carga concentrada de estantes (cerca de 7 t/pé).
A existência dessa carga concentrada gerou outras dificuldades, como explica o eng. Paulo Bina: "Você tem embaixo do ponto de apoio da estante uma tensão muito alta, sobre um solo naturalmente deformável. Esta tensão faz com que se reflita na região em volta um esforço contrário, então a tendência é o piso recalcar sob a carga e levantar em volta. Para evitar a ocorrência desse fenômeno, decidimos pela colocação de telas soldadas mais pesadas. E essa situação é interessante porque, fugindo das condições normais - em que se coloca em cima uma armadura mais leve, para combate a retração e embaixo uma mais reforçada - foi necessário armar em cima e embaixo com o mesmo tipo de tela soldada"
Nesse caso, o engenheiro ressalta que deve haver um cuidado muito grande com o posicionamento das armaduras, inclusive com a utilização de uma maior quantidade de espaçadores soldados (treiças), deixando-se um espaçamento menor, para dar uma melhor sustentação.
O acabamento dos pisos dos dois pavimentos é liso e espelhado, com controles de nivelamento e planicidade. O concreto utilizado em ambos os pisos apresenta especificação de fck de 30 MPa, com aditivos plastificante, superplastificante e fibras de vidro para controle da fissuração nas primeiras idades.
Em toda a obra estão sendo utilizados 27 mil m2 de tela soldada, sendo 9 mil m2 da Q 246 (piso superior) e 18 mil m2 da tela Q 159 (piso inferior). A construção teve início em dezembro de 2003 e deve estar concluída neste mês de abril.

 

 
 
     
 
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