Pavimentando o futuro com Concreto

Uma das áreas em que o segmento de concreto mais se desenvolveu nos últimos anos é o de pavimentos, seja urbano , rodoviário ou industrial. Nesta matéria, apresentaremos uma síntese de como se deu esse desenvolvimento, através de exemplos práticos de usos eficientes dessa técnica.

Rodovias modernas

Caracterizado como um país que transporta sua economia, prioritariamente, por rodovias, o Brasil depende sobremaneira das condições de sua malha viária, sem a qual os setores de produção primária, secundária e terciária não têm como operar e desenvolver-se satisfatoriamente.

O uso da tradicional solução do pavimento flexível, que necessita de um trabalho constante de manutenção, aliado à precariedade ou ausência dessa conservação, graças às dificuldades econômicas vividas pelo país nas últimas décadas, geraram a deterioração de boa parte de nossas rodovias. A situação agravou-se ainda mais nos últimos anos, em virtude das constantes elevações de preços dos derivados do petróleo (matéria prima do pavimento flexível) no mercado mundial.

Ao mesmo tempo, teve início em todo o Brasil o processo de concessões de administração de rodovias, passando a prevalecer de forma clara a mentalidade de se aproveitar ao máximo a aplicação dos recursos, buscando o maior benefício com o menor custo.

É exatamente nesse cenário que começa a se destacar a opção dos pavimentos de concreto. Fruto de intensas pesquisas e utilizando-se de novas tecnologias, esse tipo de pavimento apresentou grande evolução, resultando, atualmente, em um produto que oferece ampla gama de vantagens em comparação com o pavimento asfáltico, destacando-se a grande durabilidade, maior vida útil (em geral, três vezes mais) e menor custo final.

Equipamentos de última geração

Esses resultados também foram e estão sendo alcançados graças a equipamentos com tecnologia de última geração empregados na construção desses pavimentos. As pavimentadoras GP-2600 e Wirtgen SP-500 têm capacidade de pavimentar em concreto até 1,5 km de estrada por dia de trabalho, produtividade cerca de 15 vezes maior que os equipamentos de pequeno porte tradicionalmente disponíveis. Também já estão no Brasil equipamentos como vibroacabadoras de fôrmas deslizantes, réguas acabadoras, usinas de concreto compactas de elevada capacidade de produção e perfilógrafos (para garantir a regularidade da superfície).

Entretanto, atualmente, do total de rodovias pavimentadas no país, apenas 2% são pavimentadas com concreto. Nos Estados Unidos, 20% das rodovias são em concreto e a previsão é de que este percentual dobre em 10 anos. Na América Latina, o Chile lidera o ranking do uso deste tipo de material com 50% das vias urbanas e 21% das interurbanas. Na Alemanha, a quase totalidade das vias públicas utiliza o concreto como pavimento. A expectativa das principais entidades ligadas ao segmento de concreto é de ampliar significativamente a participação do pavimento de concreto em nosso país.

Já são várias as via pavimentadas em concreto no Brasil: as marginais das rodovias Presidente Dutra (Guarulhos-SP) e Castelo Branco (SP), interligação entre as rodovias Anchieta e Imigrantes (SP), Linha Circular Sul e o Contorno Sul (Curitiba-PR), Complexo Viário Maria Maluf (SP), Avenida Assis Brasil (Porto Alegre-RS), ligação da BR-277 (Balsa Nova-PR) e Corredor Ligeirinho (Curitiba-PR). Cada qual apresenta características especiais e todas servem como vitrines dos bons resultados que o pavimento de concreto pode apresentar.

Pavimento de Primeiro Mundo

O trecho pavimentado na Rodovia Dutra, administrada pela concessionária Nova Dutra, compreende 4,1 km, com 4 faixas de rolamento. Utilizou-se a tecnologia de construção através de pavimento rígido de concreto, proporcionando custos iniciais reduzidos com garantia de segurança, além da quase eliminação das manutenções. O grande diferencial da obra foi o fato de o trecho pavimentado estar situado em um perímetro urbano, densamente ocupado, exigindo planejamento especial da operação e agilidade na construção.

A pista de interligação do sistema Anchieta-Imigrantes (concessionária Ecovias) serve como exemplo de desempenho do pavimento do pavimento de concreto. Isto porque, além da terceira faixa de rolamento recentemente construída, as duas outras faixas também foram construídas em pavimentos de concreto há mais de 20 anos, recebendo, desde então, diariamente, tráfego intenso e pesado. Assim, o usuário da estrada tem a oportunidade de passar por um pavimento de concreto executado com as mais avançadas técnicas e por outro com vários anos uso, verificando na prática a evolução tecnológica.

Entre as pesquisas e experiências inovadoras colocadas em prática pela entidades relacionadas com o segmento de concreto, visando demonstrar a qualidade, as possibilidades de aplicação e a viabilidade do pavimento de concreto para o Brasil, está o sistema whitetopping, indicado para recuperação de pavimentos de asfalto, aplicando-se o pavimento de concreto sobre o pavimento original. A rodovia SP 103/ 79, no município de Votorantim (SP) fez uso com sucesso dessa tecnologia.

Evolução constante e técnicas inovadoras

Outra obra significativa envolvendo o pavimento de concreto se deu na região de Balsa Nova (PR), na estrada que faz a ligação com a Rodovia Curitiba-Ponta Grossa (BR-277). Os cerca de tr6es quilômetros da estrada forma divididos em dois trechos. Em cada um deles foi empregada uma técnica distinta: pavimento de concreto simples, com 24 cm de espessura e juntas a cada 5m, e pavimento estruturalmente armado com tela soldadas, com 16 cm de espessura e juntas a cada 15m.

O principal diferencial do pavimento estruturalmente armado é a economia proporcionada graças ao uso da tela soldada, que permite a diminuição da espessura do concreto (insumo mais representativo na execução da obra) e a redução do número de juntas. As prefeituras de São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Três Rios (RJ) utilizaram-se dessa técnica para a construção, respectivamente, do primeiro trecho de linha do Fura-Fila (canaleta para circulação do VLP - Veículo Leva sobre Pneus), da linha Circular Sul (com canaleta exclusiva para ônibus articulados) e da duplicação da Avenida Condessa do Rio Novo, principal via do centro da cidade fluminense.

Pisos industriais, uma tecnologia em evolução

Assim como o pavimento rodoviário vem apresentando constante evolução em seu conceito, o mesmo vem acontecendo com o piso industrial. Antigamente tratado como simples revestimento, hoje já é visto como uma estrutura de concreto, sendo que, em alguma obras, chega a ser o principal foco de atenção, submetido a criteriosos procedimentos de execução e inspeção. Isto porque, faz-se necessário que os mesmos apresentem rigorosos controles da planicidade e do nivelamento da placa de concreto.

A utilização das telas soldadas é importante em pisos industriais em virtude das vantagens oferecidas no controle da fissuração do concreto, redução do número de juntas, menor espessura da placa e resistência a óleos combustíveis.

A Plano Tecnologia utilizou a técnica de pisos industriais em concreto estruturalmente armado na construção da fábrica da empresa Solectron, especializada nas áreas de informática e telecomunicações. No caso desta obra, o grande desafio estava na importante exigência de planicidade, com limite de tolerância de apenas 1 mm, uma vez que a empresa instalaria no piso um revestimento condutivo de alta solicitação, para colocar em funcionamento sua linha de montagem. Segundo o Eng. Mário Pastori, diretor da Plano, a utilização das telas soldadas, neste caso, foi importante por auxiliar no combate à retração e facilitar seu posicionamento dentro do piso.

A necessidade de suportar altas cargas também foi fundamental para a decisão da Construtora Turner em utilizar piso industrial na construção do Centro de Distribuição da Gessy Lever, na cidade de Louveira (SP), realizada no ano de 2000. A previsão dos projetistas era de que o piso receberia cargas de até 6 t/m2, devido à instalação de empilhadeiras comuns e elétricas no local. A Construtora realizou um teste comparativo entre concreto com fibras de aço e com telas soldadas. A opção pelas tela foi mais vantajosa por apresentar economia de custos finais, proporcionando, inclusive, uma interessante diminuição na espessura do concreto.

Novas alternativas

Outra novidade na área de pavimentos são os blocos intertravados de concreto, também conhecidos como pavers. Facilidade de colocação, aliada à dispensa de mão-de-obra especializada para a instalação e rapidez na substituição, sem precisar destruir o piso, foram as principais razões que levaram a diretoria do Suape - Complexo Industrial e Portuário, localizado no litoral pernambucano, a optar pelos pavers para pavimentação da área de acesso ao cais.

No caso da rua XV de Novembro, uma das principais vias urbanas de Blumenau (SC), a escolha dos pavers está relacionada com um processo de reurbanização da região. Nessa obra, as vantagens do produto foram a superfície antiderrapante, durabilidade e, principalmente, a colocação diferenciada das peças, definida com pigmentos aplicados diretamente na massa do concreto, garantindo sua permanência ao longo da vida útil do piso. A mesma preocupação estética levou os projetistas do Condomínio Alphaville Lagoa dos Ingleses, na região metropolitana de Belo Horizonte (MG), a definirem-se pelos blocos intertravados de concreto para pavimentação da entrada principal e cinco portarias do condomínio.

 

 

 

 

 

 
 
     
 
voltar